Pai e filho no palco, pra falar da surdez universal ou como as pessoas estão deixando de se ouvir, incluindo eles mesmos e a própria produção do espetáculo. |
“TRIBOS”,FAGUNDES
E
TOLERÂNCIA ZERO
Antonio Fagundes e o filho Bruno vieram a
Jundiaí ontem a noite com a peça “Tribos”, que usa a deficiência auditiva para questionar as limitações humanas e, em
forma de metáfora,retrata a surdez universal, ou, mais propriamente, como as pessoas estão deixando de se ouvir.A
começar pela própria produção do espetáculo,cujos agentes Carlos Martin e
Gustavo Souza,que trabalham direto com o ator, mais o Douglas Nascimento,da
produção em Jundiaí, não autorizaram a entrada de um grupo de oito pessoas,que (
com ingresos na mão) chegaram à porta do teatro exatamente às 19 horas,conforme
marcava o relógio colocado acima do baner que divulgava o espetáculo.
Registrando que a peça começou três minutos antes das 19 horas e no grupo que
ficou de fora, estavam duas pessoas de Itupeva e quatro dessas pessoas com mais
de 70 anos. Uma das senhoras chegou a confidenciar que saíra da cama pra ver a peça e a outra, uma médica da Astra-Finamax, com problemas na pernas e teve dificuldades pra chegar ao
teatro, visto que somente conseguiu estacionar o carro há muitos metros dalí.
Fagundes intolerante
Essas pessoas não foram ouvidas, tampouco
atendidas pela produção, no momento representada por Carlos Martin, que em tom
de extrema arrogância, disse que falava em nome do ator Antonio Fagundes, o qual
teria dado ordens expressas pra que ninguém entrasse após as 19 horas.”Ele é
intolerante com essa coisa de horário e não admite o ingresso de ninguém após o
horário marcado no ingresso”, disse o arrogante Carlos Martin.
Eu entrei no horário, vi o começo da peça mas
me incomodou o fato de uma amiga ter ficado do lado de fora e fui lá intervir
junto à produção em favor dela e das outras sete pessoas que se encontravam na
mesma situação.Afinal, o grupo chegara aos portões do teatro as 19 horas.Mas,
não teve acordo.
Incoerência
Tribos,é uma comedia escrita pela inglesa Nina Raine com tradução de
Rachel Ripani e, na prática, a surdez
apresentada no palco por Fagundes e seu filho aconteceu também no lado de fora e deu o tom de
incoerência ao espetáculo onde a produção não quis ouvir o lamento das pessoas
que tiveram dificuldades para chegar ao teatro, em razão da falta de
estacionamento.Lembrando que não houve atraso,já que as pessoas chegaram as
19horas.
Celulares e
libras
O
teatro estava lotado e logo no início do espetáculo dois fatos chamaram
atenção.Primeiro, os celulares ligados e várias pessoas se comunicando no face e
whatsapp, na maior falta de bom senso. O que obrigou Antonio Fagundes intervir e avisar que só daria
continuidade à peça depois que os aparelhos fossem desligados.
Depois,
que a presença de um tradutor em libras
no palco acabou incomodando uns e outros, ao argumento de que tirou o foco da
peça.O assunto foi objeto de comentários no momento bate-papo reservado por
Fagundes no final do espetáculo.Ele disse que pensaria no assunto nas próximas
apresentações. Ou seja: o espetáculo rendeu interpretações de toda ordem.
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